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FeadrAB | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

Os Segredos da Produção Musical

By Marketing

Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

As novas tecnologias simplificaram o acesso tanto ao conhecimento quanto aos bens de produção musical. Hoje, todos os músicos, sejam eles profissionais, iniciantes ou amadores de qualquer classe social e estilo musical têm plenas condições de montar e operar um estúdio e de realizar gravações e mixagens de alto nível. Com a absorção dos antigos equipamentos pelo computador, a queda nos custos e a facilidade de obtermos informações e estudar com a Internet o que parecia há poucos anos um sonho distante é agora uma realidade óbvia até para quem não queria ver. Tornar-se produtor é parecido com aprender a tocar um instrumento, que depende 99 por cento de transpiração e um por cento de inspiração, como dizem os mestres. Só que, temos que admitir, é bem mais rápido aprender a dominar as técnicas de gravação e de produção musical do que aprender a tocar bem a maioria dos instrumentos.

O primeiro passo é entender que a produção musical precisa de conhecimentos ou noções de áudio, música, informática, inglês, marketing e até de psicologia. Outras matérias também ajudam, como direito, história e eletrônica, mas não são as principais. Assim como ninguém precisa estudar telecomunicações para falar num celular, o produtor que usa uma mesa de som não é obrigado a entender de eletrônica. Quem precisa mais disso são os técnicos de manutenção, os projetistas de equipamentos e os desenvolvedores de programas. O melhor é o produtor musical estar atualizado na maior variedade possível de assuntos, acompanhar o seu tempo.

17 0101 | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

No entanto, é importante ter alguma noção do que se passa nos computadores, já que eles passaram a ser o próprio sistema de gravação. Quem vai montar ou comprar um computador para gravar tem que saber escolher todas as peças e os programas, sob pena do sistema simplesmente não funcionar. Nossos estúdios, hoje, têm quase todos os componentes em forma de software. Já não são apenas programas gravadores, mesas de mixagem e efeitos, mas instrumentos musicais muito complexos com enormes coleções de timbres de altíssima qualidade, simuladores de amplificadores, de microfones, de ambientes acústicos, ferramentas revolucionárias para produção de música eletrônica e programas de edição de vídeo, a mídia para onde tantas outras estão convergindo. Os computadores que suportam todos esses recursos são bem mais sofisticados do que aqueles montados para escritórios.

Mesmo assim, com a queda na taxação dos produtos de informática e a desvalorização do dólar, computadores bastante robustos custam, hoje, poucos milhares de reais. Este era, nem faz muito tempo, o preço de um único item do estúdio, como um sintetizador popular ou uma mesinha de som, e não o custo de, praticamente, um estúdio inteiro. E muitos computadores com configurações mais antigas ou básicas rodam perfeitamente os programas mais leves e os mais antigos. Para realizarmos gravações e mixagens de instrumentos e vozes em pequena quantidade, em muitos casos, podemos usar um mesmo sistema por muito tempo, escapando do consumismo desenfreado que leva alguns produtores a trocar de computador todo ano.

É claro que todo mundo quer ter sempre a última versão do seu programa favorito. Mas isto não é o mais importante. O importante, como diz o jargão, é usar o programa que você sabe usar. Enquanto ele estiver resolvendo, ninguém precisa se culpar por não estar com o sistema de gravação atualizado se não tiver condições para isto.

O mercado de trabalho

A diversidade dos equipamentos e programas encontrados nos home studios reflete a variedade de talentos e aptidões que temos no meio musical. Mesmo em casa ou em sistemas móveis, músicos de todos os gêneros e estilos gravam e mixam muitos canais de áudio, masterizam CDs e ainda divulgam e comercializam suas obras na Internet, produzem música eletrônica e todo tipo de música utilizando samplers, sintetizadores e gravando áudio ao mesmo tempo, mixando e masterizando todo o material. Com isso, fazem álbuns, trilhas, jingles e demonstrações. Muitos também sonorizam vídeos ou mesmo produzem seus próprios, apresentando seu trabalho na Internet e autorando DVDs seus e dos seus clientes.

Esses produtores atendem diretamente ou através de agências a um mercado crescente e diversificado. Além dos clientes tradicionais, como gravadoras, artistas e bandas independentes, emissoras de rádio e TV, agências de publicidade e produtoras de cinema, vídeo e teatro, temos hoje empresas produtoras de multimídia, web designers e clientes diretos de todo tipo, como grandes e médias empresas com seus vídeos institucionais e de treinamento, igrejas, políticos, DJs e as múltiplas emissoras de TV digital que surgirão a partir de agora. Isto sem contar o público em geral que solicita transferência de áudio de mídias antigas para as novas como cópias de fitas e discos para CDs e arquivos MP3.

Todos esses clientes se voltam cada vez mais para a negociação direta com os produtores musicais. Paradoxalmente, quanto mais se torna uma atividade caseira, mais a produção de áudio e música expande seu mercado e, com isso, se estabelece como atividade econômica de massa e não mais somente de ponta. Não podemos esquecer as grandes produtoras e muitas outras empresas que absorvem diversos produtores, mas é espantosa a multiplicação dos estúdios caseiros com atividade comercial permanente atuando em todos os municípios do país.

O que é preciso estudar?

Um músico, o tempo todo, produz áudio. É fundamental para todo músico conhecer as propriedades do som e certas técnicas de utilização de recursos de áudio para ele conseguir soar adequadamente. Como, por exemplo, saber captar e equalizar o som de seu instrumento para que ele soe natural numa gravação ou numa apresentação ao vivo.

Também é fundamental o operador e o produtor de áudio conhecerem música para que o resultado do seu trabalho tenha musicalidade. Parece óbvio, mas, sem isso, o seu som fica estranho. Sem um certo treinamento musical de sua audição, eles podem deixar passar erros de interpretação ou de harmonia dos músicos que gravam e terão mais dificuldade em compreender as funções dos instrumentos e vozes dentro de um arranjo, o que comprometerá a mixagem e o produto final.

O produtor musical é, antes de tudo, um músico. Ao produzir um CD ou compor uma trilha, ele vai realizar da forma mais completa o fazer musical. Vai reunir todas as idéias musicais de forma equilibrada num projeto, o que requer conhecimento de música. Para garantir a qualidade sonora do seu trabalho, ele também precisa conhecer o áudio e as suas ferramentas.

02 0931 | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

Vários novos produtores (infelizmente, alguns nem tão novos assim) julgam compensar suas deficiências de conhecimento utilizando presets dos plug-ins de áudio. Essas programações são feitas pelos fabricantes para mostrar os recursos e a versatilidade dos seus programas. Mas foram desenvolvidas para outras músicas, outras gravações. Nada garante que sejam adequadas ao que se está gravando ou criando. Perseguindo supostos “padrões” de operação dos equipamentos e programas, seu som nada tem de ‘padronizado’ ou “a favor da maré”, como eles provavelmente gostariam. Soa apenas desajeitado. A falta de conhecimento de áudio costuma impedir que o operador, o produtor e os músicos em geral encontrem o seu som.

É muito importante conhecer a prática e a teoria musical, saber ler, saber escrever música. Porque quem sabe ler e escrever, sabe ouvir. Enquanto o músico precisa conhecer áudio para saber fazer soar aquilo que concebeu, o profissional de áudio precisa entender que ele também é um músico e buscar dominar também as ferramentas musicais. Mais de noventa por cento do que se grava e do que se sonoriza é música.

Quem pretende seguir a carreira de produtor musical precisa conhecer música a fundo, além do áudio. É este ‘maestro’ moderno quem faz a música acontecer, nem que seus “músicos” sejam programas de computador. Embora gravar tudo sozinho seja hoje um hábito de muitos, os pioneiros causaram estranheza em 1968 e 1973 quando gênios como a tecladista Wendy (Walter) Carlos e o multiinstrumentista Mike Oldfield lançaram, respectivamente, “Switched-On Bach” e “Tubular Bells” tocando todos ou quase todos os instrumentos, fossem eletrônicos, elétricos ou acústicos. O costume nas sessões da época era todos os músicos serem gravados ao mesmo tempo. Essa foi uma conquista da gravação multipista e uma nova fronteira na produção musical, que deve ser vista sem preconceitos.

O estudo da música deve priorizar o aprendizado do instrumento favorito da pessoa, além de um instrumento harmônico como o teclado ou o violão, a teoria e a prática da percepção musical, harmonia popular e “tradicional”, arranjo e noções de contraponto. Reserve uma hora por dia, pelo menos, pelo resto da vida. Música leva muito tempo e cada vez temos mais o que aprender e praticar, mesmo quando não desejamos nos profissionalizar como instrumentistas ou cantores.

O estudo do áudio inclui conhecimentos sobre a física do som, captação, conversão do sinal analógico em digital, cabos e conectores, microfones, mesas de som, efeitos, equalizadores, compressores, redutores de ruídos, endereçamento dos sons, monitores, acústica, técnicas de gravação, edição, mixagem e masterização, MIDI, programação de sintetizadores e samplers, programas e plug-ins de gravação e configurações de computadores.

george martin e os beatles1 | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

George Martin e os Beatles

Sem esses conhecimentos, mesmo que básicos, o senso crítico acaba, o conhecimento e a experimentação são substituídos por procedimentos-padrão. Todo mundo gravando igual, com o mesmo equipamento, regulado do mesmo jeito. Quando a arte vira indústria, é grande a chance de ela deixar de ser arte.

Antonio Guerreiro de Faria é compositor, arranjador, produtor musical, pianista, mestre em música e professor de harmonia da UNIRIO, musicólogo com trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Ele afirma:  “O produtor musical é um produtor de música. Se o produtor vai produzir música, ele tem que saber música, porque senão ele não será um produtor musical.”

“Existem produtores que ficaram famosos”, continua. “Verificando o perfil de George Martin, a gente vai ver que é um músico erudito que estudou composição a sério e que, além disso, ele produziu o som dos Beatles. Na realidade, é um produtor musical porque também ele é um compositor e arranjador. Se a gente pegar o Sargent Peppers, que é um disco premiado, um dos ícones da década de 1960, que foi fundamental para mudar todo o panorama musical do mundo, vai ver que foi produzido até a medula por um cara chamado George Martin. Porque nem o John Lennon, nem o Paul McCartney, nem o Ringo Starr nem o George Harrison orquestravam coisíssima alguma. É um disco orquestral, que foi orquestrado pelo George Martin. Ou será que você pensa que o trompete e as trompas foram produzidos pelo John Lennon? Tá na cara que foi um cara que escreveu tudo aquilo. Esse cara se chamava George Martin. Então, havia o conceito de que o produtor musical também era um arranjador e compositor.”

“Um grande produtor musical aqui no Brasil, por exemplo, foi Cesar Guerra-Peixe (professor durante décadas do próprio Guerreiro e de Rildo Hora, o produtor de Zeca Pagodinho, entre outros nomes). Quando saiu do Recife e foi para São Paulo em 1953, uma das coisas que ele fez foi produzir discos para a (gravadora) RGE – Fermata. Era uma época em que os produtores musicais não eram somente técnicos de informática ou técnicos de som, eles eram, fundamentalmente, músicos. Por serem músicos, por terem conhecimento musical, eram capazes de fazer os arranjos dos seus produzidos, de conceituar o som dos seus produzidos. Isso faz uma grande diferença, o camarada que sabe música e faz o produto acontecer e conceitua esse produto.”

antonio guerreiro de faria | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.
Antonio Guerreiro de Faria

“Outro produtor muito conhecido e admirado chamava-se Thom Bell. Nem era americano, ele era jamaicano. Começou tocando piano erudito, conhecia o repertório inteiro, estudou composição, e foi morar na Filadélfia (Estados Unidos). Lá ele criou o “Philly Sound” ou o “Som da Filadélfia”, com todo aquele colorido harmônico de todos os arranjos característicos que marcaram até hoje a década de 70. Ele era fundamentalmente um músico, compositor, em parceria com a letrista Linda Creed (“Stop, Look, Listen”, “You Are Everything”, “You Make Me Feel Brand New” e muitos outros sucessos) e produziu o famoso grupo de soul The Stylistics. Depois, fez a disco music e os Bee Gees o contrataram como arranjador. Fizeram a trilha sonora de “Saturday Night Fevers” (“Os Embalos de Sábado à Noite”) e criaram uma nova febre que tomou o mundo.

Thom Bell, nascido na Jamaica em 1941, mudou-se ainda criança para a Filadélfia (Estados Unidos), onde transformou-se no principal arquiteto da Philadelphia soul, subgênero da soul music norte-americana nos anos setenta e uma das vertentes mais populares e influentes daquela época.Estudou piano clássico quando jovem e entrou no grupo hamônico The Romeos, em 1959. Aos 19 anos, trabalhava como compositor e arranjador do filho favorito da Filadélfia, Chubby Checker. Logo depois, Bell assinou com a Cameo Records como pianista de estúdio. Seu primeiro trabalho foi com o grupo de soul Delfonics. Na nova gravadora Philly Groove, em 1968, Bell tornou-se produtor. O trabalho de Bell com os Delfonics tornou-se imediatamente reconhecido por sua delicadeza e pela doçura de suas composições e arranjos.Em 1971, ele fundou seu próprio selo musical, a Philadelphia International Records (PRI), onde o estilo Philly Soul rapidamente tomou forma, e assumiu os Stylistics. Ele formou com Linda Creed uma das duplas de compositores mais importantes da história da música norte-americana, marcada por letras e arranjos imortalizados pelo falsetes do vocalista Russell Thompkins Jr.Bell ainda produziu artistas como Johnny Mathis e os grupos The Spinners e The O’Jays, outros ícones daquele período.

George Martin (The Beatles) na Inglaterra, Guerra-Peixe e Radamés Gnattali (30 anos na Rádio Nacional) no Brasil e Thom Bell (Stylistics) nos EUA são caras que fizeram os sons, que construíram novas estéticas. Eles eram produtores musicais, não eram só produtores técnicos. Isso faz toda a diferença.”

“Nos anos 80 estava-se fazendo muita coisa que foi resultado das décadas de 60 e 70, quando se introduziu mais novidade, musicalmente falando. Foram períodos áureos da música, seja no Brasil, seja nos Estados Unidos ou na Inglaterra. De 90 pra cá se introduziu mais tecnologia. Porque aqueles produtores eram formados em composição, conheciam música de concerto, história da música, eram homens cultos, escreviam música e dominavam o métier, numa época em que a imagem não interferia na qualidade musical. Hoje em dia parece que a imagem tomou o lugar da música. Isso é muito, muito ruim. O produtor aponta com o dedo para o gráfico do áudio na tela e diz ‘ah, aqui ta desafinado!’. Ele não ouve mais. ‘Passou de tanto, vamos comprimir!’. É a receita de bolo. George Martin botou um quarteto de cordas tocando com os Beatles. Ele criou um som. Esse pra mim é o perfil de um produtor musical. Só as pessoas que estudam e que têm cultura musical e cultura geral podem se intitular com sucesso produtores musicais.”

Além disso, o produtor precisa sempre estar atualizado com os equipamentos, placas de som, novos programas e técnicas. Noções de marketing e de web marketing, um bom senso de administração e espírito empreendedor são determinantes para o sucesso dos projetos de um produtor musical. Outro campo importante são os conhecimentos da legislação sobre produção musical. Ajuda muito um certo conhecimento do idioma inglês, mesmo que só em leitura.

Onde aprender

Já existem vários cursos livres de áudio e produção musical no Brasil. Alguns deles são de boa qualidade. No entanto, bastante gente confunde cursos superiores de engenharia de áudio com ensino de produção musical. A engenharia de áudio é uma especialização da eletrônica para formar projetistas de equipamentos e especialistas em acústica de produtos.

É o professor Guerreiro quem conta: “A faculdade americana mais conceituada, a Berklee College of Music, tem dois cursos de produção musical ou Music Production and Engineering, o Degree e o Diploma. O primeiro equivale ao nível técnico e o segundo ao nível universitário daqui do Brasil. Vamos começar por baixo, pelo nível técnico, que equivale ao ensino médio ou segundo grau. O produtor musical estuda dois períodos de redação, história da música ocidental, história da arte, matemática para produção musical e engenharia, teoria do som (acústica) e uma matéria qualquer eletiva. Prevê também três períodos de arranjo, dois períodos de teoria, harmonia tradicional, contraponto tradicional, tudo isso no nível técnico do curso de produção musical. Desde quando no Brasil alguém pensa em fazer uma coisa como essa? Ele tem ainda nesse nível três períodos de treinamento auditivo, dois de solfejo, fora harmonia 1, 2, 3 e 4, regência 1 e 2. O produtor musical em nível técnico nos EUA estuda dois períodos de regência. Porque ele pode ter que reger uma orquestra enquanto produtor e arranjador.”

“O conceito americano, prossegue Guerreiro, é de que o produtor produz o som, um conceito muito mais profundo que permitiu àqueles caras fazer a música que eles fizeram. Depois, nos outros quatro períodos é que o aluno vai ter engenharia de som, engenharia de produção musical, gravação, mixagem e outras matérias de áudio e MIDI inerentes ao curso de produção musical. Mas ele passa os quatro primeiros períodos estudando intensivamente música. Depois, nos outros quatro períodos é que ele vai ter matérias ligadas ao estúdio. As matérias musicais tomam mais da metade do curso.”

Estudaram em Berklee, entre muitos outros músicos de renome, Quincy Jones (produtor de “Thriller”, de Michael Jackson, o álbum mais vendido de todos os tempos), Diana Krall, John Scofield, Abraham Laboriel, Mike Stern, Al DiMeola, Branford Marsalis, Steve Vai,  Sadao Watanabe, Ernie Watts, Donald Fagen, Joe Zawinul (Weather Report), Jan Hammer e John Petrucci e Mike Portnoy (Dream Theater).

“No curso universitário (Diploma), que equivale aqui ao curso universitário, com quatro anos de duração, o aluno estuda quatro semestres de treinamento auditivo, dois de solfejo, quatro de harmonia, arranjo e introdução à tecnologia musical, além de princípios de tecnologia do áudio, análise de produção, técnicas de mixagem, business, técnicas de gravação multipista, produção musical para vídeo e realiza projetos de produção. Ele já estudou contraponto antes e sabe o que é contraponto, sabe fazer um cânone, sabe o que é imitação, sabe fazer um fugatto. Eu quero saber qual é o curso de engenharia e produção musical no Brasil que tem isso.”

“A carreira foi estruturada assim. No Brasil, é comum nivelar por baixo. Quer dizer, ‘vamos adaptar à realidade brasileira’. Eu nunca me conformei com essa realidade, acho que a realidade tem que ser mudada. Ela não tem que ser carregada nas costas nem ser lamentada; ela tem que ser transformada. Isso se a gente quiser fazer um país decente.”

“Outra coisa que dificulta muito aqui no Brasil é a estrutura do ensino massivo das universidades que põem em sala 20, 25 alunos, na esperança de que alguém saiba alguma coisa. Na Alemanha, as turmas de harmonia e de percepção têm cinco alunos para cada professor. Isso é uma bofetada no nosso sistema em alto estilo, porque eles querem formar com qualidade, não querem quantidade. Aqui no Brasil o MEC exige uma quantidade de alunos para cada professor. Se tem cinco alunos em sala, está-se desperdiçando o professor ‘só’ para cinco alunos. Nossa realidade é a mais tacanha e a mais retrógrada imaginável. Não é assim que a gente vai construir um país.”

“O brasileiro precisa ser mais informado. Ao dizer isso numa revista com a articulação que a Backstage tem eu fico esperançoso, ao ser entrevistado numa matéria como essa, de poder modificar alguma coisa na estrutura da produção musical deste país. O produtor tem que saber usar os recursos digitais e de MIDI, mas tem que ser capaz de reconhecer quando uma corda do violão está desafinada.”

A Internet pode ser um ótimo campo para obtermos informações sobre áudio. Visitar os sites dos fabricantes e ler os manuais dos programas e dos equipamentos traz um bom volume de conhecimento. Existem diversos sites com vídeos educativos sobre o uso dos programas.

paul georges | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.

Paul McCartney, George Martin e George Harrison

Os problemas aparecem quando o estudante confunde opinião e informação com conhecimento. Algumas pessoas tendem a valorizar qualquer coisa publicada, mesmo que estejam escritas em fóruns de discussão e em blogs. Aí é que mora o perigo. Fóruns são para detectarmos tendências, não para estudarmos. Muitas vezes, alguém que não sabe muito bem o que está perguntando debate com outros que também não têm muita certeza do que estão respondendo.

Fontes confiáveis de conhecimento são sites de cursos e de instituições isentos, sem compromissos comerciais. É óbvio que cada fabricante e cada revendedor vai sempre mostrar as vantagens dos seus produtos, nunca os defeitos. Nessa hora, os fóruns de debates podem ser úteis para conhecermos o lado dos usuários. Como sempre, o conhecimento virá do confronto de opiniões contraditórias.

O que ouvir

O bom produtor escuta todo tipo de música. É fundamental para quem começa na carreira ir a shows de música popular e concertos de música erudita. Entrar numa sala de concertos e ouvir e ver uma orquestra sinfônica se apresentando sem microfones e nenhum aparato de áudio é muito importante. Conhecemos os verdadeiros timbres de muitos instrumentos, sua força expressiva em relação aos demais, suas funções dentro da música, as combinações entre eles e muito mais, além de colocarmos nosso cérebro musical em contato com as criações de alguns dos maiores gênios da história da humanidade, o que é bastante inspirador.

Antonio Guerreiro acrescenta: “Ouvir também música japonesa, árabe, indiana, ouvir as músicas do mundo, trance, trash, hard rock. É bom que o produtor musical esteja voltado para o processo de globalização, já que a tendência é a fusão de estilos, tendências musicais diversas, de diferentes culturas que estão se fundindo. Toda cultura é um processo de fusão. As culturas se intercambiam e se interdependem. Ninguém pode ser técnico ou produtor de um estilo só. Seria muito triste.”

Ao ver um show, alem de curtir a música, devemos prestar atenção no áudio. Se for possível, leve um papo com o operador de áudio. Saber o material que ele utiliza, como ele contorna problema de acústica e deficiências do equipamento, como mixa a banda ao vivo em cada tipo de ambiente vai ajudá-lo muito a formar suas convicções.

Escutar todo tipo de gravação, sejam CDs ou arquivos baixados na rede, deve ser uma prática diária. Prestar atenção no trabalho de cada instrumento e voz, na ambiência criada pelo produtor, no arranjo, na maneira como os instrumentos se combinam e na diversidade de estilos de produção é uma prática muito útil para nosso amadurecimento profissional.

Psicologia

O produtor deve entrar em sintonia com o cliente. É necessário saber questionar com paciência e respeito, ouvindo e demonstrando interesse. O cliente precisa perceber que aceitamos suas idéias e que valorizamos e entendemos seus sentimentos e necessidades. Existe a necessidade do cliente ver que o produtor não está distante e insensível, mas que admira sua música e quer fazer o melhor para valorizá-la ainda mais.

Os maiores problemas no trabalho do produtor acontecem quando o produtor se vê em uma posição superior à do cliente. A situação ideal é observada quando o produtor coloca a serviço do cliente todo o seu conhecimento, sua arte, sua atenção, sua disposição em ouvir, em compreender e ajudar, ao mesmo tempo em que considera o cliente como aquele que mais conhece a respeito de sua música, pois a experiência de criá-la é dele.

O pré-requisito é uma relação bem construída, a partir de um contato em que o produtor transmita simpatia, acolhimento, identificação, confiança, segurança e apoio. O cliente que se encontre envolvido por essas qualidades certamente acolherá de forma receptiva o que lhe for informado e proposto.

Como cobrar

A negociação de uma produção é um momento delicado e crítico. O produtor, mesmo o iniciante, deve ter a real noção do valor do seu trabalho e dos benefícios que trará ao cliente. Não adianta tentar se diferenciar no mercado pelo melhor equipamento. Logo aparece outro com equipamento ainda melhor. E aí, todo o investimento pode não ter retorno. Igualmente, destacar-se pelo menor preço costuma ser desastroso. Primeiro, porque você fica nivelado por baixo, identificado por cobrar “baratinho”, sem chances de aumentar seus ganhos no futuro; segundo, porque um garoto com um “paitrocinador” pode trabalhar até de graça, só para praticar, e levar sua clientela.

Cobrar menos do que o valor do seu trabalho vai levar você ao desinteresse; cobrar muito pode levar o cliente a desistir. Encontre o preço adequado, equilibrando o seu investimento pessoal e material com as possibilidades do seu mercado. Mesmo que alguns clientes não disponham do capital para investir agora, eles o procurarão no futuro. Seja flexível, cobrando valores diferenciados ou dando descontos para clientes com diferentes condições.

Para encontrar seu preço, leve em conta os custos da produção (seu tempo, suas despesas com luz, a depreciação do material, outros profissionais contratados) e o potencial de lucro para o cliente. Ao produzir jingles publicitários e trilhas sonoras, considere a área geográfica, o prazo de exibição, a audiência das emissoras que vão exibir o trabalho e o potencial de lucro do cliente. Não podemos esquecer a concorrência. É claro que o preço não pode ser muito distante da média do nosso mercado. Portanto, diferenciar-se artisticamente é fundamental. Estilo costuma ser uma das principais questões que levam os clientes a escolherem o produtor musical.

O produtor, cantor, compositor e professor de produção executiva de CDs do Home Studio Leandro Fregonesi completa: “o produtor deve cobrar o seu serviço com base na duração do projeto, na quantidade de trabalho, nos valores de mercado no qual o projeto será realizado, na quantidade de responsabilidade que será depositada sobre o produtor, no tamanho e importância do contratante e em eventuais autorizações prévias de uso de obras, fonogramas ou imagem.”

lfregonesi2 | Nunca foi tão fácil dominar os “segredos” da produção musical e de áudio. Porque, na verdade, não são segredos, e sim técnicas aprendidas com a experimentação prática e depois sedimentadas com a experiência, além de muito estudo. Em outras palavras, é mais uma questão de ‘vontade’ do que de ‘capacidade’. Até porque talento pode ser desenvolvido com estudo e prática.
Leandro Fregonesi

Os prazos de entrega devem ser cumpridos para não prejudicar, desinteressar ou irritar o cliente. Para combinar prazos viáveis, faça um planejamento minucioso de todas as etapas do processo. Na negociação podem ser oferecidos serviços extras incluídos no preço: confecção das partituras, da arte da capa do álbum, outros músicos incluídos no custo, preparação vocal, produção executiva, encaminhamento para distribuidoras e fábricas de CDs e apresentação de provas durante a produção para o cliente aprovar.

Não descuide dos contratos, garantindo os créditos na ficha técnica e os devidos direitos autorais e conexos, seus e dos profissionais envolvidos. Mesmo em produções pequenas com combinação verbal, tudo tem que estar muito bem esclarecido e combinado. Com estes cuidados, os clientes aparecem, voltam e se multiplicam.

  • Artigo gentilmente cedido por SERGIO IZECKSOHN
  • Para ler este e outros artigos na fonte original acesse: http://homestudio.com.br/blog/
recording studio console clean | Boas dicas do Des McKinney.

Melhore suas gravações e mixagens

By Marketing

Boas dicas do Des McKinney.

Algumas das maneiras mais fáceis de melhorar suas gravações também são as mais baratas. Na verdade, as técnicas mais eficazes não requerem nenhum investimento.

Aqui está uma coleção de dicas que você pode achar úteis na próxima vez em que um equipamento caro se colocar entre você e suas grandes gravações.

A ajuda dos outros

Tenha um amigo músico: gravar em casa, especialmente para os cantores/compositores e músicos eletrônicos, muitas vezes envolve um único músico a escrever e gravar toda a música. Mas os artistas nesta situação podem se encontrar perto demais da canção, na hora da mixagem, para tomar decisões de forma crítica.

Trabalhar com outros músicos pode inicialmente complicar a gravação e a mixagem. No entanto, a criação de uma grande mixagem depende, em parte, de sua capacidade de remover detalhes desnecessários, e a maioria de nós nos sentimos mais confortáveis ??objetivamente criticando o trabalho de alguém. Então, pedir a um amigo (ou a alguns profissionais) para executar uma faixa ou duas acabará por tornar a mixagem mais fácil e mais eficaz.

Mais ouvidos sobre a mix: Com qualquer tarefa que requer atenção aos detalhes, é fácil perder a floresta para as árvores. E assim é com a mixagem. Uma segunda ou terceira opinião pode chamar a sua atenção de volta para os detalhes que você encobriu.

E opiniões de fora não precisam vir de outros músicos e engenheiros. Muitas vezes, os ouvintes regulares fazem os melhores comentários, porque eles não pensam em termos técnicos sobre a produção e, em vez disso, formam os seus pensamentos sobre como a música os faz sentir. E alguns dos melhores comentários quando eu comecei a mixar vieram de crianças, que não são condicionadas pelas convenções musicais.

Ouça em vários sistemas: a audição de uma mixagem através de alto-falantes diferentes é um pouco como a obtenção de uma segunda opinião. E engenheiros de mixagem profissionais contam com esta técnica. Chris Lord Alge, por exemplo, mantém um rádio portátil perto de sua mesa de som para verificar as mixagens: “muitos clientes que vêm aqui querem ouvir a sua mixagem nele. Se não tem um bom som por meio de alto-falantes de duas polegadas em seu aparelho de som pequeno, qual é o ponto? Tem que soar grande em um pequeno alto-falante”.

SIMPLIFICAR…

Evite dogmas: nosso hobby (ou profissão, se você tiver sorte) é atormentado com argumentos religiosos, como “equipamento a válvula soa melhor”, e “sons analógicos são mais quentes do que os digitais”. Independentemente do mérito de cada argumento, estas questões dogmáticas complicam ainda mais o processo de gravação, e nos distraem da importância da técnica – o que, é claro, não custa nada!

Corte. Impiedosamente: como músicos, os nossos egos nos empurram para colocar tudo o que temos [e sabemos – SI] em cada parte que gravamos. Mas performances virtuosas e grandes gravações não andam necessariamente juntas. O todo, como eles dizem, é muitas vezes maior que a soma das partes.

Em arranjos, mais música, mais instrumentação geralmente apenas conduzem à desordem. E além de ser mais difícil de mixar, a desordem raramente soa bem.

O chamado “teste do carro”, verificar uma mixagem nos alto-falantes do carro, ajuda mais a avaliar o equilíbrio global de uma mixagem do que a traduzir pequenos detalhes. Então, ao invés de gravar um CD de cada mix que você deseja verificar, transfira o arquivo para um tocador barato de MP3. Você pode perder pequenos detalhes com a compressão MP3, mas você ainda será capaz de julgar se o baixo está muito alto ou os vocais estão muito baixos, e você vai economizar tempo e dinheiro no longo prazo.

Fazer cada parte trabalhar: certifique-se de que cada parte competindo pela atenção do ouvinte realmente compete pela atenção do ouvinte.

PRÁTICA

Pratique o seu desempenho antes de bater recorde: Os benefícios da prática deveriam ser óbvios para todos os músicos, mas a gravação em casa promove uma abordagem para a criação de música do tipo “escrever como você grava”.

Prática leva tempo. Mas não precisa dificultar o processo criativo, e na maioria dos casos ela acabará por poupar tempo. Embora as pistas possam levar mais tempo para ser gravadas, um conjunto de performances bem realizadas, polidas é muito mais fácil – e rápido – para mixar.

Não só as performances se beneficiarão da prática, mas a mixagem final soará mais profissional.

Use CDs de referência: isoladamente, nenhuma técnica vai fazer mais para melhorar a qualidade de suas mixagens. Trabalhar com uma mixagem de referência é, em alguns aspectos, como a obtenção de uma aula gratuita sobre mixagem de um produtor ou técnico profissional. [Escolha você mesmo as suas referências. – SI]

Pratique mixagem quando você não está no estúdio: Cada produtor ou técnico de mixagem deve gastar tempo ouvindo criticamente mixagens profissionais. Reservar algum tempo todos os dias, digamos 10 minutos, para mergulhar em uma mixagem que outra pessoa fez. Considere o panorama estéreo, em quais instrumentos está o foco, e como o foco muda enquanto a música evolui. Tente determinar os efeitos em uso, e por que eles foram escolhidos. Nas mixagens modernas de pop e rock, a interação entre o vocal principal e a caixa é particularmente importante, assim como o relacionamento entre o baixo e o bumbo, então gaste algum tempo analisando estas peças em detalhes.

  • Artigo gentilmente cedido por SERGIO IZECKSOHN
  • Para ler este e outros artigos na fonte original acesse: http://homestudio.com.br/blog/
1 Track Recording Studio acoustic diffusers floating floor acoustic ceiling | É muito comum uma pessoa querer transformar uma sala ou quarto de sua casa num estúdio e achar que para isso basta forrar as paredes com carpete, cortiça ou até mesmo embalagens de ovos. Infelizmente, nem todos compreendem que as soluções acústicas podem até ser simples, mas é preciso entender os fenômenos para encontrar as formas mais adequadas de resolver os problemas.

Noções básicas de acústica para estúdios

By Marketing

É muito comum uma pessoa querer transformar uma sala ou quarto de sua casa num estúdio e achar que para isso basta forrar as paredes com carpete, cortiça ou até mesmo embalagens de ovos. Infelizmente, nem todos compreendem que as soluções acústicas podem até ser simples, mas é preciso entender os fenômenos para encontrar as formas mais adequadas de resolver os problemas.

O objectivo deste artigo é apresentar alguns conceitos básicos e mostrar novas formas de melhorar a acústica de um estúdio. Para questões mais complexas, recomendamos consultar profissionais qualificados.

Dimensões do estúdio


Este é um aspecto muito importante diz respeito às dimensões físicas do recinto. Geralmente existem frequências do espectro de áudio que podem produzir “ondas estacionárias” no ambiente, quando os comprimentos das ondas sonoras coincidem com as distâncias entre paredes, tecto e chão. A primeira solução para evitar esse fenômeno indesejável é projetar o estúdio com dimensões que dificultem o aparecimento das ondas estacionárias (alguns projetistas preferem até criar estúdios com paredes e tectos não paralelos).

tut acust02 | É muito comum uma pessoa querer transformar uma sala ou quarto de sua casa num estúdio e achar que para isso basta forrar as paredes com carpete, cortiça ou até mesmo embalagens de ovos. Infelizmente, nem todos compreendem que as soluções acústicas podem até ser simples, mas é preciso entender os fenômenos para encontrar as formas mais adequadas de resolver os problemas.Deve-se evitar recintos com distâncias iguais (ou múltiplas) entre paredes e entre piso e tecto, uma vez que isso facilita a ocorrência de ondas estacionárias. Além disso, a maior dimensão (digamos, o comprimento do estúdio) não deve ser mais de quatro vezes maior do que a menor dimensão (digamos, a altura do teto). Por outro lado, um recinto muito pequeno poderá tornar difícil o tratamento acústico para corrigir as “colorações” criadas no som pelas diversas reflexões. Salas maiores em geral são mais fáceis de ser tratadas acusticamente.

É recomendável fazer uma análise do comportamento acústico mais provável de acontecer no recinto, baseando-se nas distâncias entre paredes e altura do teto. A partir das conclusões dessa análise, pode-se saber se as dimensões são críticas ou viáveis. Se são críticas, devem ser redefinidas. E como nem sempre é possível determinar as dimensões do recinto mudando as paredes de lugar, muitas vezes a solução é construir uma nova parede à frente da original, ou rebaixar o tecto. Se as dimensões do recinto são viáveis, é necessário então avaliar quais os materiais a utilizar e de que maneira deverão ser usados, para que se possa eliminar as imperfeições acústicas que possivelmente ainda poderão ocorrer.

Para saber o comportamento acústico de um recinto retangular, sugerimos que utilize esta formula de Excel disponível como download no site da revista Música & Tecnologia. (após o download do ficheiro renomeie o mesmo para Cálculo.xls e abra-o com o Excel)

Enquanto ainda está na fase de escolha da concepção do estúdio, é também importante pensar previamente nas instalações eléctricas e, principalmente na instalação do sistema de ar condicionado. Se for necessário construir paredes ou tectos extras, verifique atempadamente as possíveis interferências com eléctrodos (para iluminação e alimentação de energia) e tubos de ar condicionado. Certifique-se de que as alterações das paredes e tecto para a solução acústica não geram problemas noutras áreas. Lembre-se sempre de que é melhor perder um pouco de tempo antes de fazer do que ter que refazer tudo de novo!

Isolamento acústico

Cada tipo de material possui uma característica própria, no que se refere a isolamento acústico, dependente da sua densidade e também de sua espessura. O parâmetro chamado de classe de transmissão sonora (STC) é um valor numérico de classificação que mostra a redução da transferência do som através de um determinado material, ou combinação de materiais. Essa classificação geralmente aplica-se a materiais duros, como o tijolo, o concreto ou a massa de parede entre outros. É verdade que qualquer material bloqueia uma porção da transmissão do som, mas efetivamente, os materiais de alta densidade são melhores nesse aspecto do que os materiais leves. A solução mais comum para reduzir a transferência do som de um ambiente para outro é o uso de parede dupla, com um espaço entre elas, que pode ter apenas ar ou um material mais absorvente (ex: lã-de-vidro). Quanto maior for o coeficiente, melhor será o isolamento. A tabela abaixo mostra alguns exemplos de materiais.

MATERIAL DA PAREDE STC
parede dupla de gesso 16mm c/ miolo de 10cm de lã-de-vidro 38
parede dupla de gesso 32mm c/ miolo de 10cm de lã-de-vidro 43
parede de tijolos de concreto com furos cheios de areia 53

Não esquecer que o isolamento deve ser eficaz nos dois sentidos, isto é, não deve permitir a passagem do ruído ambiente (tráfego por ex.) para dentro do estúdio, bem como evitar que o som do estúdio seja ouvido no exterior. Em alguns casos, é fácil isolar o som externo, mas torna-se muito difícil evitar que o som produzido no estúdio incomode os vizinhos!

Infelizmente, a maioria das paredes de construções comuns não possui densidade e espessura suficientes para abafar efetivamente o som (tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro). Além disso, geralmente as casas ou imóveis comerciais possuem janelas e portas sem qualquer tratamento especial, através das quais o som pode passar com facilidade.

No caso de janelas voltadas para o exterior, a melhor solução é eliminá-las definitivamente, fechando-as com alvenaria. Caso isso não seja possível, então é necessário transformá-las em janelas especiais, com vidros mais espessos (preferencialmente duplos) e vedações eficientes. Tenha sempre em mente de que a janela poderá sempre ser um ponto fraco no isolamento acústico, além de ser uma fonte potencial de infiltração de água de chuva, por exemplo. No caso de estúdios de gravação, que precisam de uma janela interna entre a sala técnica e a sala de gravação, esta deverá possuir vidro duplo, montados de tal forma que não haja contacto direto entre a estrutura de fixação de cada um (veja figura).

tut acust04 | É muito comum uma pessoa querer transformar uma sala ou quarto de sua casa num estúdio e achar que para isso basta forrar as paredes com carpete, cortiça ou até mesmo embalagens de ovos. Infelizmente, nem todos compreendem que as soluções acústicas podem até ser simples, mas é preciso entender os fenômenos para encontrar as formas mais adequadas de resolver os problemas.Revestir simplesmente as paredes com carpete ou outro material comum não trará qualquer resultado prático, pois o som precisa de “massa” para ser bloqueado. Dessa forma, ainda que eventualmente possa melhorar a acústica interna, diminuindo reflexões, a camada fina da carpete não oferecerá qualquer resistência à transmissão do som.

No caso de paredes já existentes, uma solução é criar uma outra “parede” de gesso, afastada por alguns centímetros da parede original. O espaço entre a parede original e a nova parede pode ser preenchido com material absorvedor, como lã-de-vidro, por exemplo. É importante estar atento aos detalhes de fixação das placas de gesso, para que não haja um contacto direto entre as paredes que permita a transferência mecânica do som de uma a outra. Também é preciso eliminar todas as fendas e quaisquer tipos de frestas, através das quais o som poderá vazar.

O tecto e o piso originais do recinto também deverão ser avaliados dentro do mesmo objectivo de criar barreiras para a transferência do som. O mesmo princípio da parede dupla pode ser aplicado ao tecto, devidamente adequado às condições físicas (estrutura suspensa). Uma atenção maior deverá ser dada quanto à vedação de frestas e furos, uma vez que o tecto rebaixado geralmente é usado para a instalação de iluminação, passagem de cabos e tubos de ar condicionado.

O piso pode ser uma parte crítica, pois é nele que ocorrem os maiores níveis de ruído de impacto, sobretudo no caso de bateria e percussão (pedal de bombo, tambores colocados no chão, etc). Colocar um tapete grosso não resolve esse tipo de problema, embora possa atenuar o barulho de passos, por exemplo. Assim como no caso das paredes e do tecto, a solução mais indicada é criar um piso acima do original, e isolado deste por meio de algum tipo de suspensão (blocos de borracha, por exemplo).

Além da preocupação com o isolamento do ruído ambiente externo, é preciso avaliar também o ruído que será produzido pelo sistema de ar condicionado a ser instalado no estúdio. Além do barulho junto à máquina, deve-se levar em conta ainda a possível transferência desse ruído através do tubo de ar e também por transmissão mecânica, pela vibração da estrutura dos tubos e contacto destes com as paredes e tecto do estúdio. Uma das soluções para reduzir o barulho vindo por dentro dos tubos de ar é revesti-los internamente com material absorvedor. E para evitar a transferência da vibração da máquina pelos tubos, é comum fazer um desacoplamento mecânico do mesmo, seccionando-o e unindo as partes com uma peça flexível. Tais providências em geral causam perda de eficiência da máquina, o que deve ser também considerado.

Tratamento acústico

Uma vez construídas as paredes e o tecto do estúdio (nas dimensões optimizadas e dentro dos critérios adequados de isolamento), é necessário fazer um tratamento interno das superfícies, procurando-se as condições ideais para a aplicação que se deseja.

Antes de se definir qual o tipo de material a ser usado no tratamento acústico, é importante conhecer o coeficiente de redução de ruído (NRC). Ele é um valor numérico de classificação que permite quantificar a capacidade de um determinado material em absorver o som. Esse coeficiente em geral se aplica mais a materiais macios, como espuma acústica, lã-de-vidro, carpete, etc, embora também possa ser aplicado a materiais “duros” como tijolo e massa de parede. O NRC de um material é a média de absorção de várias frequências centrais entre 125 Hz e 4 kHz. Quanto maior for o coeficiente, melhor será absorção do material. A tabela abaixo mostra alguns exemplos de materiais.

MATERIAL NRC em 125 HZ NRC em 4 kHz
carpete grossa sobre concreto 0,02 0,65
piso de madeira 0,15 0,07
concreto pintado 0,01 0,08

Mesmo com um estúdio construído dentro de dimensões optimizadas, muito provavelmente ainda será necessário fazer algumas correções, devido às reflexões do som que ocorrerão nas superfícies. O tipo de solução no tratamento acústico vai depender da resposta que o recinto estiver a produzir. Existem soluções orientadas para cada tipo de problema.

Há algumas décadas, muitos estúdios eram construídos com revestimento acústico extremamente absorvedor, de maneira a “matar” totalmente as reflexões. Isso, no entanto, tornava muito débil o ambiente acústico do estúdio, se comparado aos locais onde normalmente se ouve música.

tut acust03 | É muito comum uma pessoa querer transformar uma sala ou quarto de sua casa num estúdio e achar que para isso basta forrar as paredes com carpete, cortiça ou até mesmo embalagens de ovos. Infelizmente, nem todos compreendem que as soluções acústicas podem até ser simples, mas é preciso entender os fenômenos para encontrar as formas mais adequadas de resolver os problemas.Hoje, os estúdios costumam ter uma acústica “neutra”, geralmente com uma parede mais reflexiva e outra mais absorvedora. Para se conseguir essa situação, utilizam-se painéis de materiais adequados presos às paredes do estúdio, de forma a absorver energia das ondas sonoras que atingem as paredes. O tipo de recurso a ser usado vai depender da faixa de frequências do espectro do som que se queira absorver.

Os materiais porosos (espuma, carpete, etc) em geral são eficientes para absorver agudos, pelo fato destes possuírem comprimentos de onda pequenos, e assim qualquer pequena irregularidade do material é capaz de diminuir a energia da onda sonora. Já no caso dos graves, é preciso criar dispositivos compatíveis com os comprimentos de onda grandes, o que é feito com painéis especiais de amortecimento (chamados de “bass-traps”), que vibram com os graves e ao mesmo tempo absorvem a energia dessa vibração, não devolvendo a onda ao ambiente. Em algumas situações, pode ser necessário reduzir a sustentação de apenas uma determinada faixa de frequências do espectro, e para isso são usados painéis sintonizados, devidamente calculados.


Conclusão

Como se pode ver pelo exposto, o project acústico de um estúdio envolve vários factores, que devem sempre ser considerados. Ainda que se possa estimar previamente o comportamento do recinto, somente depois de construído e com todos os equipamentos instalados e operando é que se consegue ter uma avaliação concreta, pois as superfícies dos equipamentos e do mobiliário podem também interferir no resultado que se ouve.

Por isso, é aconselhável consultar um profissional experiente, que com sua vivência no assunto poderá prever com muito mais precisão os resultados.

Referências: 

– Exemplos de Projeto de Acústica – Audio List FAQ
– Música & Tecnologia – Download
– Practical Guidelines For Building A Sound Studio – Auralex Acoustics
– Studio Acoustics – Primacoustic
– Building a Recording Studio (Jeff Cooper) – Synergy Group


por Miguel Ratton

Os direitos de publicação deste artigo foram gentilmente cedidos por Miguel Ratton e encontra-se também disponível no site music-center.com.br 

Como fazer um sampler soar bem?

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Interface de sampler da EastWest

Muitas vezes me perguntam como fazer os samplers soarem o melhor possível. Pensando nisso, gostaria de dividir algumas idéias que funcionam bem para mim. O fator mais importante é a própria composição e arranjo/orquestração. Porem esta é uma questão muito subjetiva para a gente tentar abordar neste momento. Podemos apenas exemplificar que mesmo se tratando de músicos de verdade, uma mesma composição pode soar melhor ou pior dependendo da orquestração ou arranjo. De qualquer maneira, estas são algumas dicas que costumam fazer a diferença:

  1. Escrever coisas humanamente possíveis, tendo certo “respiro” para os músicos.
  2. Abusar das “midi velocities”. Em termos leigos, são as diferentes dinâmicas que acompanham cada nota.
  3. Se possível, tocar cada instrumento com controlador midi. Parece que nossos leves “erros” como minuciosos ralentandos acabam por dar uma maior naturalidade. Mas nem sempre é possível executar determinada passagem tocando bem o suficiente, sem virar uma zona no final.
  4. Selecione bem os timbres e articulações. As vezes é preferível adaptar uma  música e usar outra articulação, do que ser forçado a usar um timbre ruim. Nesse sentido é fundamental conhecer bem os recursos do sampler a sua disposição.
  5. Um timbre ruim no meio de timbres bons faz um belo estrago.
  6. Caprichar na mixagem! Acertar na equalização, no reverb, na compressão entre outros recursos é tão importante no trabalho com samplers quanto musica gravada de verdade.
  7. Ter algum elemento natural ajuda a disfarçar os samplers. Pode ser qualquer instrumento a sua disposição, voz.. etc
  8. Usar a automação de faders como complemento as “midi velocities”.

Espero que façam bom proveito destas dicas.

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